Adultos no espectro do autismo: os exemplos de Marina Amaral e Elon Musk

Marina Amaral e Elon Musk: expoentes nas...

Marina Amaral e Elon Musk: expoentes nas artes e nos negócios reforçam a importância do diagnóstico para poder desenvolver seu potencial.

Por: Fabio Silvestre Cardoso*

O trabalho da artista plástica Marina Amaral (@marinaarts) provoca sensação nas redes sociais. Dona de um talento admirável e com uma técnica bastante apurada, sua obra se notabiliza pelo acréscimo de cor em fotografias preto e branco. Quem já viu as imagens tem a clara sensação de que o passado está sendo revivido no presente. A revista norte-americana WIRED a destacou a artista como “mestre da colorização das fotos”.

Mas quem acompanha o trabalho de Marina Amaral jamais poderia adivinhar a revelação que estaria por vir à tona num tweet, publicado em 11 de julho de 2020: “Descobri recentemente que estou no espectro do autismo. Isso traz algumas explicações e muitas dúvidas. Explica o meu hiperfoco, provavelmente a maior razão pela qual desenvolvi a minha técnica de colorização e ouvi muitas vezes que ‘tenho um olho para cada detalhe’”.

A história de Marina Amaral foi contada em detalhes num perfil exemplar publicado na Revista “Piauí” em setembro de 2020. O assunto, no entanto, vai além do episódio com a extraordinária artista plástica: a revelação de que existem pessoas que só descobrem que estão no espectro do autismo na vida adulta. Para Sudhansu Grover, em entrevista à BBC, é como poder “entender por que era do jeito que era”.

O fato de existirem muitos adultos que não foram diagnosticados é forte sinal de que, por um lado, certo estigma relacionado à saúde mental ainda persiste e, por outro, que existe certa tendência a normalizar atitudes e comportamentos desde que a pessoa “funcione”, não olhando para as próprias dificuldades em levar adiante suas atividades.

De acordo texto publicado no site VivaBem, no portal UOL, um dos motivos para o diagnóstico tardio em mulheres tem a ver com o fato de que elas seriam mais capazes de mascarar qualquer comportamento que possa parecer diferente.

“Os sintomas do autismo leve em adultos geralmente ficam mais evidentes nas áreas de interação e comunicação social do que no desenvolvimento cognitivo propriamente dito, já que eles não possuem qualquer tipo de prejuízo intelectual ou deficiência mental”, informa texto publicado no blog Autismo em Dia.

O site ainda lista alguns dos sinais que chamam a atenção a propósito do transtorno, como a dificuldade de compreender expressões faciais não tão óbvias ou problemas para captar ironia e piadas. Existe, além disso, o flagrante desconforto na hora de demonstrar e receber afeto, bem como o incômodo de trabalhar em equipe e sofrer mais com ruídos e ambientes agitados.

Elon Musk

Em maio deste ano, o empresário Elon Musk foi ao programa Saturday Night Live. A atração é conhecida por levar celebridades que, no bloco de abertura, apresentam a si mesmos com humor e ironia.

Na vez de Musk, essa tradição foi mantida, a não ser pela punchline escolhida pelo empresário: “Eu nem sempre tenho muita entonação ou variação de como eu falo… o que me disseram que é bom para fazer comédia. (…) Olha, eu sei que às vezes digo ou posto coisas estranhas, mas é assim que meu cérebro funciona”.
 Talvez os casos de Elon Musk e de Marina Amaral sejam extremos ou mesmo exceções. Afinal de contas, trata-se de uma artista reconhecida pelo seu talento e um empresário que chama a atenção pelo caráter disruptivo de seus projetos. Ainda assim, são exemplos de que a vida adulta pode, sim, ser afetada pelo espectro sem que as pessoas não tenham capacidade de seguir suas trajetórias de modo independente.

Afora isso, é importante frisar que o tratamento é importante não apenas para a melhoria da qualidade de vida, mas, também, para que possa existir certo alinhamento de expectativas junto àqueles que estão ao redor das pessoas com espectro de autismo.

Não resta dúvida de que o melhor caminho para mitigar os efeitos do diagnóstico tardio é informação. Este é o primeiro passo.

A partir da conscientização, é possível descobrir, por exemplo, que algumas pessoas podem, sim, levar uma vida independente, sempre de acordo com as especificidades de cada indivíduo.

* Fabio Silvestre Cardoso (@fscardoso_) é jornalista, doutor em Integração da América Latina pela USP e mestre em Comunicação pela Universidade Anhembi Morumbi. É autor do livro Capanema, lançado pela Editora Record.Linkedin

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